29 de abr. de 2010

Mãe querida, sonho de minha vida

Era uma tarde normal, atendi meu celular e ouvi a pequena frase: titia, vovó morreu! Kaique, meu sobrinho de 12 anos nunca foi de muitas palavras, mas ouvir uma notícia assim foi como ter meu coração arrancado com a mão. Foi uma dor enorme, sem precedentes, jamais senti algo assim. Nem a dor quando da notícia da morte de meu pai em janeiro de 2007, causou-me tão enorme cratera na alma. Foi devastadora, mas tinha o esteio de minha mãe ao meu lado.
As primeiras providências a serem tomadas em meio a toda aquela dor, não saíram em uma seqüência tão lógica e prática. Liguei para minha irmã e marido com intuito de saber sobre viagem, trajeto e carro. Muita coisa se misturou na mente, a vista turva e as lembranças martelando fortemente.

Lembro bem, ainda na estrada a caminho para Nova Ponte, o celular toca e aparecem no visor umas letras estranhas. Atendi, e desta vez quem quase morreu fui eu. Aquela voz tão amada e saudosa ecoou em meus ouvidos me deixando em uma euforia e curiosidade. " Herbinha minha filha, sou eu seu pai. Me ouça, calma nesta hora da partida de suam mãe" Pai, é o senhor? Como que me ligas? Como pode ser? " Filha não importa como, apenas observe que sua mãe parte de vocês, mas vem para junto de mim. Fique em paz " De novo me atordoei, as forças me foram levadas e a dor ficou enorme. Chorei, chorei muito. Nestas horas não vemos lógica em nada. Sentimos apenas dor, o peito em chamas e a saudade de meus pais era muito forte.

Assim, prossegui em minha viagem por algum tempo, ainda sentindo muito nítido o som da voz de meu pai. Foi verídico de mais, falei com ele. Só ele me chama de Herbinha. Me pede calma, mas como acalmar diante da notícia que minha querida, doce, amada e angelical mãe se foi. Com o corpo tremulo procurei ajuda nos braços seguros de meu marido. Este, sentindo o tremor do meu corpo e minha respiração acelerada, carinhosamente me acordou. Sim, estava sonhando. Sonho longo e doloroso. Mesmo acordada, ainda pela volta do dia, trazia comigo as lembranças da noite anterior. Minha mãe vive entre nós, esta bem. Meu pai vive em outro plano, mas esta vivo em meu peito.

25 de abr. de 2010

Para Wilson Amaral, com carinho

Para Wilson Amaral, com carinho

Querido Wilson, já tens minha autorização para a publicação do amoroso texto. Foi muito bom saber sua  visão sobre  aparecimentos de espíritos, daqueles que exemplifico no comentário e todas as outras citações que fez com maestria e elegância. Fiquei surpresa ao entrar em sua página, algo que faço sempre, e ver você citando de novo nosso primeiro debate. Já se passaram quase dois anos, e quando recebi sua resposta, naquela época, fiquei muito impressionada com seu texto. Não só eu, mas outros leitores meus também ficaram e comentaram sua resposta. Tem uma parte dos comentários que recebi, que vale a pena citar, são engraçados.

Wilson adoro aquele meu comentário no seu texto, adoro mais ainda sua réplica  (Qual médium sou), aliás, foi sua réplica que me fez ler mais ainda seus textos.  Sou sua leitora porque adoro a forma como escreve. Sei separar muito bem suas convicções das minhas, jamais deixarei de ler um autor, só porque divirjo dele no assunto crença. Você não escreve só de crença, e quando escreve é para defender suas palavras, que o faz tão bem.   Alias, você, no meu entendimento, é a pessoa mais elegante para aplicação de uma "naba" que conheci até hoje.   Você sabe o que é uma "naba" Wilson? Não tem no dicionário, você deve estar pensando, e não tem mesmo.  Naba é uma palavra muito utilizada por nós mineiros lá dos cafundós, que por sinal, mestres em inventar palavras e alterar os sentidos das já existentes, mas, que no fundo, todas as alterações tem fundamentos, porem vejamos no exemplo  da palavra " naba": Naba, para nós mineiros é um legume da família do nabo, devido ter textura interna igual,  mas também tem DNA da cabaça, possui um formato parecido com o da mandioca, só que com casca verde e lisa, alguns o chama até de cabaça d'agua.  Este legume que chamamos de naba, quando está verde se come na salada como o nabo, se ninguém o colher para comer, ele endurece e sua  casaca fica igual a da cabaça e aí não se faz nada com ele que não seja artesanato (geralmente viram cobras) ou  brincadeira pornográfica de mal gosto das crianças.  Bem, no dicionário  Silveira Bueno, "nabo" significa "planta da família das crucíferas.... Pessoa estúpida, ignorante".   Como nós mineiros jamais tomamos partido entre dois brigões importantes, temos fama de ficar em cima do muro, dizer as coisas nas entrelinhas, ser solidários só no câncer, e xingar os outros sem que estes saibam que estão sendo xingados... a gente cria umas expressões para sermos chulos, sem sermos ao mesmo tempo.
Se você pensar bem, para entender a lógica maneires, "naba" é um legume que tem um formato muito peculiar, para não dizer pornográfico, e trocando a  letra  "a" pelo "o" temos a palavra nabo, que significa pessoa estúpida e ignorante, então  nada melhor que juntar a aparência  da " naba" com o significado do "nabo"  para criar  uma expressão especificamente mineira  para dizer que algum estúpido tomou naquele lugar, ou, mais elegantemente, levou uma "nabada".
Wilson, desculpe  gastar tanto seu tempo com esta cultura mineira inútil, fútil e chula,  mas, é que na época que você respondeu meu comentário, alguns leitores mineiros  e amigos de Minas, me escreveram assim: " depois desta naba, vê se queta com este assunto de espírito", outra: "Helba, levou uma nabada com alto estilo". É verdade, sempre achei aquela sua "nabada" a mais elegante que já recebi. E olha que eu vivo cutucando as onças com vara curta, mas jamais alguém me respondeu com tanta elegância, citando fonte e mantendo a linha do bom debate. Não mudo minhas convicções, como você não deve mudar as suas, mas nada impede que duas pessoas coloquem seus pontos de vista de forma civilizada e amorosa, como você sempre faz comigo, mesmo meus leitores lá de Minas acharem que tomei uma " nabada" rsrsrrs, eu não vejo assim, vejo como um debate saudável, como deveria ser todas as discussões entre os povos.  Só citei sobre estes comentários, que me  levaram ao universo da " naba" para deixar um pouco de humor para meus leitores, que andam escrevendo que estou séria de mais. Espero que entenda, tenho que agradar meu eleitorado rsrsrsrs.
 Voltando à seriedade:
Seu conhecimento da bíblia chega a ser espantoso,   e Ela merece sim sua defesa, meu respeito, alias, o respeito de todos nós. Que todos tenhamos bom senso para segui-la, ainda insisto no cuidado ao observar fragmentos de termos de época, mas no geral,  Ela tem o intuito de levar-nos todos para o bom caminho e  ao encontro do Pai. Os adereços que cada um de nós enxergamos lá, não devem tirar o brilhantismo desta obra, que teve em seus primórdios as melhores e mais sublimes das intenções.  Vai ser sempre um prazer receber suas palavras doces e gentis

Li um texto seu  " um incrédulo que o tempo e a ciência......."      Vou comentar este texto, estou escrevendo com calma, pois também tenho minhas considerações para apoiar (até parece que você precisa de apoio) suas palavras e dizer meu ponto de vista sobre estes pseudo-s cientistas orgulhosos, que tiraram o direito autoral de Deus e Jesus, sobre a criação e gerenciamento de todas as coisas deste nosso planeta e universo. Não me conformo em não achar em lugar algum, fora dos textos bíblicos e ou religiosos, que nosso mundo, nós, e tudo mais, foi criação do grande Deus. Para os estudiosos da ciência, a obra é big bang, natureza, explosão do espaço.... tudo, menos Deus..   Deixa eles...

Indulgência - Fofoqueiros e levianos de plantão, aconselho lerem. Já li e chorei !

"Indugência, sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus irmãos, mas do qual bem poucos fazem uso.
A indulgência não vê os defeitos de outrem, ou, se os
vê, evita falar deles, divulgá-los. Ao contrário, oculta-os, a
fim de que se não tornem conhecidos senão dela unicamente,
e, se a malevolência os descobre, tem sempre pronta uma
escusa para eles, escusa plausível, séria, não das que, com
aparência de atenuar a falta, mais a evidenciam com pérfida
intenção.
A indulgência jamais se ocupa com os maus atos de
outrem, a menos que seja para prestar um serviço; mas,
mesmo neste caso, tem o cuidado de os atenuar tanto quanto
possível. Não faz observações chocantes, não tem nos lábios
censuras; apenas conselhos e, as mais das vezes, vela-
dos. Quando criticais, que conseqüência se há de tirar das
vossas palavras? A de que não tereis feito o que reprovais,
visto que, estais a censurar; que valeis mais do que o culpado.
Ó homens! quando será que julgareis os vossos próprios
corações, os vossos próprios pensamentos, os vossos
próprios atos, sem vos ocupardes com o que fazem vossos
irmãos? Quando só tereis olhares severos sobre vós mesmos?
Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para
com os outros. Lembrai-vos daquele que julga em última
instância, que vê os pensamentos íntimos de cada coração
e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas que
censurais, ou condena o que relevais, porque conhece o
móvel de todos os atos. Lembrai-vos de que vós, que clamais
em altas vozes: anátema! tereis, quiçá, cometido faltas mais
graves.
Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência
atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima,
afasta e irrita."
Joseph.

Pessoal, o texto acima não é meu. É de um ser extremamente elevado chamado Joseph. Li, amarrei a carapuça e resolvi compartilhar, pois sei das fraquesas humanas.

Os ovos e nós - Eu em 1999



Revendo antigos papéis, encontrei um texto que escrevi em 1999. Ao lê-lo, percebi o quanto distante e diferente estou, daquela Helba de nove anos atrás. Escrever coisas é a melhor forma de demonstrar nosso estado de espírito.  Hoje, não teria melancolia suficiente para escrever o que escrevi, mas na época, me lembro bem, era muito real em mim e na minha vida, o que escrevi aí.


Os Ovos e Nós

Outro dia eu estava falando sobre o final de um dos meus filmes prediletos, Annel Hall (Noiva Nervosa, Noivo Neurótico; ou vice-versa), de Woody Allen. Ah, com tanta riqueza, tanta intensidade, a dificuldade de um relacionamento. No final, o protagonista (ele, claro: Wood) fala sobre os relacionamentos. E usa uma parábola psicanalítica.

É mais ou menos assim: um homem que acredita botar ovos vai ao psicanalista.  Este, tenta convencê-lo do absurdo que é pensar que bota ovos. O  homem até concorda, mas diz que não vai mudar.  Por quê ? pergunta o psicanalista. “Porque não posso viver sem os ovos”. Os ovos, no final do filme, fazem as vezes dos relacionamentos. A gente sabe que são absurdos, mas não consegue  viver sem eles.

Trocando em miúdos, o que eu queria falar com toda essa  volta cinematográfica “cult”, é  da dificuldade dos relacionamentos. Minha mãe com toda  sua simplicidade, mas com uma sabedoria adquirida com o passar dos anos, uma vez disse o seguinte: “Uma das razões pelas quais nos desiludimos tanto na vida é que nos iludimos demais”. Simples e irretocável, como tudo que ela fala. Aquilo vale para tudo: ilusões demais, desilusões demais. Nas relações amorosas a coisa é extremamente assim.

Costumamos iniciar cada romance com a expectativa de um conto de fadas, em que todos terminam felizes para sempre, todos somos eternamente princesas e príncipes. Queremos que o outro  resolva todos os nossos problemas, todas as nossas frustrações. Que preencha todos os nossos vazios. Que nos suportem por obrigações de consciência, leis, famílias, sociedade, dinheiro, amigos, (some-se aí  mais uma avalanche de coisas que  se que se eu for citar, vou ficar parecendo amarga e muito insensível . E definitivamente confesso que sou extremamente sensível para o assunto amor) .

Eu diria o seguinte: um bom passo para tentar uma relação melhor é diminuir as expectativas. Contos de fada não existem.  Parecido com contos de fadas, existem romances divertidos, intensos e marcantes. Que não precisam necessariamente durar uma vida inteira. Enquanto durar o amor de verdade acompanhado com todos os seus acessórios,  que faço questão de enumerá-los, pois adoro todos... respeito, paixão, tesão, humor, companheirismo, disponibilidade, sensibilidade, cartas e mais cartas,  telefonemas aos montes, surpresas e mais uma monte de coisas boas que só o amor proporciona.....que dure 06 meses,  pois já valeu a pena.  Pretensões menores geram decepções idem. Quando escuto uma pessoa dizer que está vivendo um verdadeiro conto de fadas, pressinto logo o tombo. Raramente me enganei.

Calma lá. Não estou fazendo uma ode à acomodação ou descrença no amor. Não estou sugerindo a ninguém que deixe de sonhar com um príncipe ou princesa, muito menos  pule de galho em galho ou ciscando em vários terreiros ao mesmo tempo como um devasso (a). Apenas estou sugerindo que a dose  de expectativa seja razoável. Razoável quer dizer: que caiba dentro dos limites da razão. Não da ilusão.

O resto é tentar. Considero “tentar”,  um dos verbos mais lindos do idioma, denota esforço, sacrifício, combate, coragem. Mais de uma vez já pedi aos meus que vão ficar, após minha partida para o lado de lá,   que em meu epitáfio seja cravado em letras grandes: “H. Otoni – ela tentou”. Tentar, tentar e  tentar, ainda que tantas vezes, em certas noites escuras e de insônia - como hoje, tenhamos vontade de dizer: chega. Mesmo porque – bem, nós não podemos viver sem os ovos, podemos?

Belo Horizonte 30 de maio de 1999.

Dedico este texto ao meu amigo Carlos Eloi, que infelizmente nos deixou em 2001. Na época que foi escrito, foi o primeiro a ver.